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Colunista: Luis Felipe

Desencontros

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Tem um provérbio nosso que diz “O cavalo não passa encilhado duas vezes”. Esse ditado tem apenas um propósito: fazer a pessoa se arrepender pelo que deixou de fazer.
Nunca saberemos se ele é verdadeiro; não há como.

Em algumas situações, parece que sim.

Lembra daquela ascensão profissional garantida, com tudo pago, desde que você fosse morar em São Paulo e você recusou por não acreditar no seu potencial? E aquela guria linda da escola que vivia te dando bola e você não foi capaz de chegar porque era tímido? É simples: longe dos filmes de ficção, o tempo não retroage, parece não haver uma segunda chance para alguns eventos.

E quando você “aproveita” a oportunidade? Bem, daí você aceita um roteiro. Aceita que aquela sucessão de eventos está arrolada a uma infinidade de outros acontecimentos. E quem garante que isso acabará bem? Mais uma vez, não há como saber; nessa roda do destino o limiar entre a sorte e o azar são invisíveis.

A verdade é que nunca sabemos se estamos nos metendo num brete ou se caminhamos em direção a campos vastos e abundantes.

Pode ser que a aeronave em que você viaja a São Paulo seja o avião da companhia a sofrer uma pane mecânica e tudo termine em uma tragédia aérea. Talvez você conquiste aquela guria bonita da escola, case, e ela se transforme em um ser humano cruel.

Os caminhos do nosso destino não são, em definitivo, como roteiros de novela, com finais felizes.
Da minha parte, aliás, nem creio em finais definitivos – quanto mais felizes. Essa ideia de encerramento não combina com a vida bruta real e só traz decepção.

A terra, esse bloco gigantesco pesando 5,972 × 10^24 kg (informação do Google), composto de diversos elementos químicos, continuará a girar e a produzir novas histórias, uma atrás da outra, sem respeitar a ordem, início, meio e fim.

De desencontro em desencontro, vamos fazendo nossa própria história e modificando a vida dos outros. É bom estar ciente disso. Assim temos alguma noção do nosso tamanho e da nossa responsabilidade. Somos muito, muito pequenos, mas decisivos.

Tão decisivos que talvez não nos reste tempo para lamentar as chances perdidas.

Dica de filme: Encontros e desencontros (2003).

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