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Colunista: Luis Felipe

(Des) Caminhos da vida

Confira a coluna desta semana do escritor Luís Felipe Mendes

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Acabo de assistir ao “Igual a tudo na vida” (2003), filme de Woody Allen, um dos meus diretores prediletos. Allen conta oitenta e oito anos de idade e sessenta e oito filmes produzidos! Ou seja, é profícuo, além de genial como roteirista e ator. Seus longas são repletos de reviravoltas, finais surpreendentes, diálogos rápidos e um humor sarcástico – e por isso inteligentes.

No filme, Jerry Falk, interpretado por Jason Biggs (lendário ator do primeiro American Pie), é um humorista incapaz de tomar decisões da sua vida, apesar de frequentar um psicanalista esquisito e de pouquíssimas palavras há anos. Jerry não consegue romper um casamento e é incapaz de se livrar do seu empresário, um sujeito fracassado e que ainda abocanha vinte e cinco por cento da renda de Jerry.

É nesse cenário que surge David Dobel, um comediante mais velho dirigindo um carro conversível, interpretado pelo próprio Woody Allen. Dobel é dotado de uma personalidade complexa. Tendo, ao mesmo tempo, uma visão cética, corajosa, prática e paranoica da vida. Apesar de diferentes, surge entre os dois uma amizade, alimentada por passeios e demoradas conversas no Central Park.

A dupla vai aos poucos se afinando. Mas se engana quem pensa que há mudança dos dois lados, como geralmente acontece em filmes ruins. Apenas Jerry altera seu comportamento.

Ao fim, o longa estimula mais do que um mero debate entre as questões antagônicas envolvendo os personagens. Ele fala do quanto o avançar da idade não afasta o medo e o risco de eventuais fracassos e do quanto os jovens podem ser (com todo o direito) instáveis.

Entretanto, a discussão mais rica levantada pelo filme ao meu ver está no quanto somos atacados por diversos fatores externos, que simplesmente fogem do nosso controle. E lidar com isso é para pessoas sábias. Assim como escolher entre os diversos caminhos possíveis, ou as muitas formas de vida imagináveis.

Ou, usando uma linguagem woodyaliana, é para pessoas experientes e maduras que conseguem compreender que a volatilidade da vida se deve mais às pessoas que aos roteiros seguidos, pois estes, ao fim e ao cabo, não se alteram.

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