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Colunista: Luis Felipe

Dezembro de ilusões

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Meu psiquiatra fez uma constatação curiosa dias atrás, em uma das visitas que fiz a ele. Ao ouvir o meu relato de apreensão com a proximidade do final de ano, ele perguntou por quê eu estava assim? Quase respondi “ora, por quê?” Para mim é tão óbvia toda a tensão que marca essa época do ano.

É preciso organizar o amigo secreto. Comprar o presente do amigo. Preparar o discurso. Definir onde passar a noite. Escolher uma roupa legal. Comprar comida, bebida. Comprar mais presentes. Escolher – cuidando para não magoar – quem ficará sem presentes. Administrar o décimo terceiro. Pagar IPVA, IPTU, seguro do carro. Ainda ter de lidar com uma série de imprevistos. Então, quase eu disse para ele “com essa loucura toda, como não surtar?”. Ao invés disso, me calei.

Ele me olhou com aquela cara de quem tem a certeza de que tudo está sob controle (os médicos treinam essas caras na universidade). E disse que não havia o porquê de eu me preocupar; que essa ideia de tempo, cronologicamente como estamos acostumados, é apenas uma convenção que nos embaralha a vida. Tudo segue normal, disse ele, nada muda se é dezembro, ou agosto.

Mais uma vez, fiquei sem resposta. Como seria bom se as coisas fossem resolvidas com tanta praticidade. Meu silêncio fez com que ele me estendesse uma nova receita e sugerisse uma boa conversa com meu psicólogo.

Acatei a receita e a sugestão, mas sigo achando dezembro uma época diferente. E não apenas pelas dificuldades. Gosto dos símbolos de Natal; as velinhas, a árvore, a estrela, o presépio, as casas enfeitadas com luzinhas. O espírito fraterno me contagia; o que faz com que eu saia distribuindo dinheiro em cada semáforo e fazendo caridade. Me emociono ao abraçar as pessoas que amo.

Confesso, gosto de ouvir a Simone repetir “Então é Natal, e Ano Novo também”. Nunca enjoo.
Alimento um sentimento que beira a infantilidade pelo Natal e pelas festas de final de ano. Na minha família, meus pais sempre celebraram a data dizendo que este é um período de amor e união. Talvez isso ajude a explicar o que acontece comigo.

Os pragmáticos que me perdoem, mas nem quero misturar meu dezembro com os outros meses, ou torná-lo uma época do ano comum. É como diz o título daquele filme “De ilusão também se vive”. Então, que a gente curta essa ilusão ao lado de quem amamos.

Um feliz Natal!

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