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Colunista: Luis Felipe

O que ler – Parte I

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Meu ano de leituras está sendo um verdadeiro fiasco. Atribuo isso aos sucessivos eventos que nos atropelam ultimamente.

A engrenagem do mundo atual empurra as pessoas para um sistema de autocobrança, que leva a uma inevitável fadiga. No livro Sociedade do cansaço, o filósofo sul-coreano e escritor em língua alemã, Byung-Chul Han, se aprofunda no tema.

Junta-se a isso um cenário pós-pandemia. Agora os sobreviventes – com toda a razão – querem curtir cada segundo de vida. Por isso correm a frequentar consultórios atrás de drogas para turbinar a serotonina, dopamina e noradrenalina.

Comigo foi mais ou menos assim. Trabalhei sem parar durante toda a pandemia, exceto nas duas vezes em que tive a doença. Depois, saindo de uma hibernação de mais de dois anos, reaprendi o caminho do cinema, de um parque, de um museu, da casa de um parente idoso, do aeroporto.

Diante dos meus olhos 2022 surgia, ora faceiro, ora cheio de esperanças, ora com dissabores. Comecei a fazer um curso de escrita criativa que almejava há muito, instalei-me em definitivo na nova casa, um bêbado bateu no meu carro e fugiu. Coisas boas e ruins, comuns à vida de todos nós.

Perdido em meio a esse caos, já sem máscara e sedento por vida solta, ia me esquecendo de um objeto que amo muito e que é a matéria desta crônica: o livro.

Enquanto eu aproveitava o pouco de liberdade após o arrefecimento dessa doença terrível, meus livros juntavam pó na estante. Lia cada vez menos. Sei disso pelos registros que faço num caderno velho.
Em 2020 li trinta livros, em 2021, vinte e cinco. Em 2022 almejava passar dos trinta e três. O mês de junho bate aí e sequer li dez. Lastimável. Claro que sempre posso burlar a lista enchendo-a com livros pequenos (pequenos em tamanho, não em qualidade). Mas daí estaria infringindo um código de ética meu. Não me parece correto.

O único jeito é acordar de manhã, fazer minhas abluções (como diria Carolina Maria de Jesus), tomar café e ler, ler e ler.

Com o norte restabelecido, outro problema toma forma: o que ler? Há muitas opções. Têm os clássicos, as leituras obrigatórias da UFRGS, os vencedores e indicados ao Jabuti, Sesc, São Paulo de Literatura, os favoritos ao Nobel. Há ainda o livro de amigos escritores, têm os lançamentos. Ah! E tem a indicação das pessoas próximas e os livros que ganhamos de presente.

E agora, o que ler? É o que conto na semana que vem.

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