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Colunista: Luis Felipe

Coluna: Vamos discordar

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Toda pessoa que pensa desconfia do que o outro fala. Seria tão pacífico (e chato) viver num mundo em que as pessoas concordassem em tudo. Imagina só. Os casamentos seriam eternos, os jogos de futebol terminariam empatados, não haveria brigas e nem debates políticos (este seria o melhor dos mundos).
Dias atrás conversava com um amigo sobre cinema, um assunto que amo. Num arroubo de originalidade ele olhou para mim e disse num tom interrogativo Os filmes de agora são uma porcaria, não é? Fiz minha cara de paspalho inofensivo e disse que não achava, que os filmes atuais são tão bons e alguns até melhores que os filmes de antigamente.

Meu amigo não estava convencido. Enveredou para o lado do cinema brasileiro e disse – agora num tom no qual imaginava que eu não pudesse discordar – que este sim, era horrível. Armei outra cara, a de idiota incrédulo, e disse que não achava. Disse que o cinema brasileiro, aliás, era um dos melhores do mundo, disse, aliás, que via como uma questão de tempo e de justiça que ganhássemos uma estatueta do Óscar em seguida.

Seguimos, meu amigo e eu, numa conversa amena, embora esvaída. Havíamos chegado num triste estado de ausência de rapport (conceito da psicologia que designa uma ligação empática entre interlocutores).

Apesar de discordarmos, seguiríamos amigos. Quem entendia mais de cinema, ele ou eu? Pouco importa, porque falávamos cada um do seu lugar. Ele continuaria preferindo os filmes antigos e estrangeiros. Eu continuaria pensando diferente. E não há nada de errado nisso. Nossa amizade não se desfez por divergências de opiniões.

Já reparou quantos conflitos ocorrem entre pessoas que não compartilham das mesmas ideias?
É impossível falar em confrontos sem falar em política. Veja quantos relações foram azedadas por oposições políticas. Parece coisa pequena, mas não é. Não deveria ser assim.

Grande parte dos conflitos acontecem porque as pessoas não gerenciam bem suas emoções. Tem também o conflito gerado pela falta de respeito pela opinião do outro. E, por fim, têm os que brigam porque não acreditam nas próprias convicções. Quando você se convence de algo, qual a importância das opiniões à sua volta?

Discordar com discernimento é um hábito saudável e construtivo. Portanto, não discorde por ser do contra, isso é coisa de gente chata.

Por enquanto, peço que questione (com sabedoria) tudo o que lê por aqui.

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