Conheço um sujeito verdadeiramente animado. Tanto que seu nome ganhou um adendo, ele é o “Fulano casa cheia”. O que lhe cabe muito bem, estar na companhia dele é ter a certeza de diversão. Ele alegra qualquer ambiente. Mas nem tudo são flores.
Vasculhando a intimidade desse sujeito, vemos que ele não tem uma vida que possa ser definida como constante. E não que eu considere a vida certinha a única que valha a pena, mas conviver ao lado de alguém Vida Loka gera dúvidas.
Veja: ele não tem amigos fixos, só parceiros; não tem relacionamentos afetivos duradouros; os familiares não gostam dele – e ao que parece têm bons motivos para isso -; o seu trabalho é associado sempre a algum tipo – digamos – suspeito.
E essa palavra o resume. É uma pessoa, a despeito do bom humor, suspeita.
Desconfio sempre dos super simpáticos.
Como diz o professor Kanal, o picareta não esquece seu nome, sabe o dia do aniversário do seu filho e sorri para tudo o que você fala. Por quê? Porque ele precisa criar essa conectividade. Assim você baixa a guarda e não se previne. E aí mora o perigo. Sem o modo defensivo, você está à mercê de ser atacado.
E o que falar do outro tipo de pessoa? Aquela que custa a mostrar os dentes e sequer responde um bom dia direito? Sugiro que dê uma chance a ela. A surpresa pode ser bem positiva.
Digo isso por experiência própria: As melhores amizades que fiz foram com pessoas antipáticas no início. Depois, com o passar do tempo, elas foram se mostrando pessoas amáveis, generosas.
Por vezes, quem se priva de sorrir com facilidade não faz por mal. Pode ser apenas alguém que a timidez atrapalhe. Ou, ainda, pode ser que simplesmente não carregue inseguranças.
Em última hipótese (que é na qual ponho minha fé invariavelmente) é possível que a pessoa reconheça como caro o valor da sua amizade. Portanto, cabe a você pagar o preço justo.
O que quero dizer com tudo isso? Que não há fórmula para descobrir se as pessoas são confiáveis ou não. O que há são pistas. Basta ficar atento e segui-las.
Como boa providência, na dúvida, deixe a intuição – que é um alerta poderoso do inconsciente – fluir. E note: seguir a intuição não deve ser de forma alguma confundido com se encher de preconceitos ou, pior, de misticismos.
Quanto ao sujeito simpático que referi no início, ele segue fazendo “parcerias”, ou, alguém diria, vítimas.
Dica de filme: Nove rainhas (2000).