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Colunista: Luis Felipe

Trocam-se conselhos por silêncio

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Não encare este texto como um conselho, eu te peço.

Intromissão na vida alheia. Esse é o nome adequado para o que costumamos chamar de conselho, sugestão, dica. Embora, para que facilite a nossa conversa, vou usar a palavra conselho, que é o termo comumente utilizado.

Qual o efeito prático de um espanador de pó? Digamos que seja mover a sujeira do lugar, fazendo com que o pó transite pelo ar até que a gravidade o faça repousar sobre outra superfície. No caso dos conselhos é mais ou menos isso que acontece. Alguém apresenta um problema, e outro entra com palavras de conforto. A questão paira no ar. Se a própria pessoa não tiver ação de botar a mão na massa e resolver (limpar) aquilo de fato, de nada adiantarão os conselhos.

Se fosse bom não se dava, vendia. Nem isso é verdade, pois vendem. Abra a internet e veja a quantidade de gente “ensinando” como evoluir espiritualmente, como deixar de procrastinar, como viver uma vida plena.

Ninguém é capaz de decidir a forma como você levará a sua vida. Por quê?

Pense que o conselheiro é um terceiro, com outras experiências, outros propósitos, outra idade, outra vida. Ou seja, por melhor intenção que se tenha, aquelas palavras virão tortas, fora de contexto.
Vamos a um exemplo: a mulher chega em casa depois de um dia estressante e pede ao marido um minuto para conversar, pois brigou no trabalho. O marido mal a escuta e sai apontando tudo o que ela fez de errado(na visão dele), tudo o que ela deveria ter falado(na visão dele), tudo o que ela deve fazer dali pra frente(na visão dele). Agora, digamos que ela ouça esse marido. Nesse caso, ela estará fazendo o que é certo ou a vontade dele?

O marido talvez nem saiba, mas não está passando de um chato dominador. Cabe à mulher decidir. As consequências desta decisão ficam por conta dela. Justo. Afinal, o problema é dela. Ele ajudaria mais se deixasse de lado o sermão e simplesmente escutasse.

Pessoas que amam dar conselhos não querem ajudar, querem, no máximo, atingir a própria paz através de verborragia. Aliás, não raro pessoas interessadas demais em resolver os problemas dos outros são incapazes de resolver os seus.

No fundo, todo aconselhador necessita ser ouvido. Nessa hora – quem sabe – ele compreenderia o rico valor do silêncio.

Dica de filme: O som do silêncio (2019).

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