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Colunista: Henrique Pajares

O comércio não é o vilão

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Desde quando foi decretada a pandemia do coronavírus no Brasil, a primeira medida a ser adotada foi o fechamento imediato das escolas e dos comércios não essenciais. O objetivo era desacelerar a propagação do vírus para que o sistema público de saúde se adequasse e não houvesse um colapso com falta de leitos. Até aí tudo bem, plausível a atitude e aceitável.

Passados 90 dias, o noticiário nos informa a todo momento a dificuldade para a abertura e disponibilização de novos leitos nos Hospitais para o tratamento do coronavírus. Como o poder público não tem a competência e/ou dinheiro para isso (a desculpa é que falta recursos e o problema é repassado para a esfera federal), a primeira e única solução encontrada é o fechamento dos estabelecimentos não essenciais. Se o real objetivo fosse conter a disseminação do Covid-19, muitas coisas teriam que mudar.

Por exemplo, todos os comércios ditos essenciais (supermercados, farmácias, restaurantes, etc) deveriam trabalhar exclusivamente no sistema tele-entrega, com o mínimo de contato possível entre cliente e entregador. Supermercados poderiam disponibilizar vários atendentes online ou via telefone, anotar os pedidos e realizar as entregas. Mas não, o que se vê hoje é filas métricas nas portas e aglomerações em seus interiores.

Em Osório, os hipermercados da cidade, muito deles com diversos setores além de comida e bebidas, como eletrodomésticos, eletroeletrônicos e afins, isolaram essas alas, já que não são considerados serviços essenciais. Ou seja, se você fosse a um hipermercado comprar uma televisão estaria mais exposto ao vírus do que se fosse comprar um pedaço de carne no açougue. Um comércio pequeno, que tem uma estrutura física menor e que seria bem mais fácil controlar a entrada e cuidados com a prevenção, não pode abrir, a exemplo de lojas de roupas, manicures, pedicures, e outros serviços.

No Rio Grande do Sul foi adotado o programa de Distanciamento Controlado criado pelo governo, baseado nas estatísticas de cada região, levando em conta os números de mortos, internados e infectados, além dos leitos disponíveis. Começou elogiado por todos, inclusive seguido por outros estados. Sempre baseado na ciência, palavra essa usada repetitivamente nos discursos, agora as regiões podem contestar os decretos semanais na atualização das bandeiras. Muitos prefeitos enviam suas defesas para que o comércio não precise parar, e em muitas delas, o estado volta atrás e reconsidera a medida tomada. Abriu-se exceções aos municípios que não apresentam mortes ou internações nos últimos 14 dias, mesmo que esses dependem dos leitos e hospitais de cidades com incidência maior. Ou seja, ao meu ver, pelo que está se vivenciando hoje, virou um jogo de política, ainda mais em ano eleitoral. Temos muito mais desconfiança do que segurança nas atitudes dos governantes, sejam eles municipais, estaduais ou federais.

O que realmente falta é a conscientização da população em evitar aglomerações em ambientes fechados e seguir à risca as medidas de prevenção, como o uso de máscaras, algo tão simples que é ridicularizado por alguns. Em Capivari do Sul, no sábado, dia 04, a Brigada Militar recebeu várias denúncias e acabou com uma festa, onde cerca de 14 pessoas estavam presentes, todas sem proteção.

Os números de contágio e mortes vem crescendo e não diminuíram com a paralisação de tudo. Ou seja, fechar o comércio, principalmente aqueles pequenos empreendimentos, que dentre todos os setores poderiam apresentar a melhor prevenção, não é a solução.

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