Faleceu na terça-feira, dia 11, aos 75 anos, Claudio Roberto Girardi Alves. Alemão, como era carinhosamente conhecido, foi uma das peças fundamentais do processo de emancipação de Capivari do Sul, sendo um dos personagens que lutou para a criação do município. Muitas pessoas tiveram papel importante, mas hoje vamos lembrar um pouco da história de Girardi.
Para conhecer mais sobre esse episódio marcante, entrei em contato com o professor Dirceu Boff, amigo de Alemão e que participou da luta para Capivari se tornar independente.
Em um encontro do Partido Democrático Trabalhista em Osório em março de 1996, Dirceu e Alemão se conheceram. Junto com o capivariense estavam ainda Roberto Camargo, hoje vereador, e Nenê Bochinha, ex-presidente de honra do partido.
Como Dirceu havia liderado o processo de emancipação de Maquiné quatro anos antes, o trio de Capivari procurou saber mais sobre como proceder com a iniciativa. “Comecei perguntando como era o município. Me passaram que possuía uma Escola de 1º grau, Posto de Saúde, Polícia, uma rua pavimentada e iluminação pública. O principal problema foi a questão do número de eleitores, que necessitava de 1.800. Alemão então me perguntou se poderia fazer a transferência de eleitores, e disse que sim. Então aí começou tudo”, disse o professor Dirceu.
Junto com Sergio Marocco, ex-prefeito de Capivari, Alemão fez o convite para Dirceu ajudar no processo. “Me perguntaram o que eu precisava. Disse que queria uma sala, uma máquina de escrever e uma secretária. Então mandaram eu vim. Relatei que necessitávamos iniciar imediatamente, sem perder tempo, pois era um processo demorado e muito burocrático. Em Maquiné, por exemplo, foram mais de 300 páginas”, contou Dirceu.
O primeiro ato para formar a Comissão de Emancipação foi reunir as lideranças da comunidade. “O encontro ocorreu no Parque de Eventos e todos concordaram em tocar o processo. No mesmo dia formamos a Comissão, com o Marocco de presidente e o Alemão de Secretário. De todos aqueles que participaram dessa emancipação, eu diria que o Girardi foi a peça mais importante, pois o Marocco cuidava do burocrático, e ele corria atrás, assim como todos os outros que contribuíram”.
O Professor contou a saga da Comissão na busca pelo número de eleitores necessários. “Foi uma luta, pois primeiro precisávamos convencer os moradores de Palmares e arredores a fazer a transferência do voto para Capivari. Depois, havia ainda que ser tudo registrado. Depois disso, a juíza ficou sabendo dessa questão e acabou trancando o processo. A esperança estava em um novo juiz que viria para cá. Mas acabou sendo pior. Então fomos ao Tribunal de Justiça do Estado, contamos nossa história ao Desembargador e ele nos garantiu que poderíamos continuar na busca dos eleitores”, disse Dirceu.
Um dos casos emblemáticos foi quando a Comissão encontrou dificuldades em contar com a maioria da Assembleia Legislativa para incluir Capivari no processo de emancipação. Sergio Marocco usava da sua influência política para conseguir apoio do PDT, o que não estava sendo suficiente. O ex-prefeito de Capivari chegou a ligar para Alemão Girardi e pediu para escrever uma carta a comunidade agradecendo o apoio e explicando que haviam feito tudo o que foi possível. Alemão, no entanto, não aceitou a alternativa e buscou apoio da ala do MDB na Assembleia, entre elas a do deputado Alceu Moreira, que possuía laços estreitos com o então governador Antônio Britto.
Por fim, o processo de emancipação de Capivari do Sul saiu do papel.
Além de ter participado deste ato, Alemão foi vereador na primeira legislatura do município. Empresário, também foi um incentivador nato do esporte.
Deixo aqui os sinceros sentimentos do Jornal Integração a toda família e amigos.
