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Editorial

Quando o discurso é considerado de ódio apenas de um lado

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Imagens de um vídeo que encena a morte de um presidente numa motociata começaram a circular na internet no último sábado. As cenas retratam um boneco igual a Jair Bolsonaro, deitado no chão, ensanguentado, com um ferimento no pescoço. Na camiseta, aparece o desenho de uma suástica, símbolo do nazismo. Isso não seria um ataque de ódio ao presidente da república? Aos olhos dos ministros do Supremo Tribunal Federal e de grande parte da imprensa “ética e imparcial”, não é, pois as cenas que estão circulando pela internet são de um longa-metragem que será lançado em 2023.

Mesmo que faça parte de um filme, a semelhança do ator com Jair Bolsonaro é indiscutível, assim como associá-lo a símbolos nazistas. O fato da cena acontecer durante uma motociata também é muita coincidência.

Um dia antes do vídeo começar a circular, o ministro Alexandre de Moraes deu 48 horas para que Jair Bolsonaro se manifestasse em relação à ação impetrada pelos partidos de oposição contra discursos de ódio. Rede, PCdoB, PSB, PV, Psol e Solidariedade argumentam que “as falas do presidente se configuram em estímulos psicológicos que vão construindo no imaginário de seus apoiadores e seguidores a desumanização do opositor”. As siglas pedem ainda que Bolsonaro seja obrigado a condenar publicamente o assassinato de Marcelo Arruda, que foi morto no Paraná. A ação solicita que seja fixada multa de R$ 1 milhão, caso o presidente promova novas manifestações nesse sentido. Como se o presidente pudesse ser responsável pelos atos de cada eleitor seu.

Luis Inácio Lula da Silva já iniciou sua campanha, na verdade, desde que saiu da prisão, e temos visto em todos seus atos públicos e discursos muitos ataques ao atual presidente. No entanto, isso não é considerado discurso de ódio pelo STF e pela mídia tradicional. Já Jair Bolsonaro tem seu nome associado a qualquer coisa que aconteça nesse país, tudo é culpa do Bolsonaro.

Não estamos defendendo o presidente, mas quando se vive num país que tanto se orgulha da sua democracia e tantos outros direitos instituídos pela Constituição Federal, é no mínimo constrangedor que um lado da situação de faça o tempo todo de vítima. Notamos que nada mudou e seguimos observando na prática o legítimo dá o tapa e esconde a mão.

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