Já não bastasse toda a crise envolvendo a pandemia do coronavírus, estamos vivendo também uma guerra de opiniões na sociedade, principalmente nas redes sociais. Isso por que está cada dia mais complicado nos posicionarmos sobre qualquer assunto, que logo de cara somos acusados com algum jargão.
No domingo (31/05), Capivari do Sul registrou uma carreata em prol do governo Jair Bolsonaro, presidente da república, e noticiamos no nosso site e redes sociais. Foi o suficiente para dar início a uma inundação de acusações e ofensas, principalmente no Facebook. Se você apoia o governo é taxado de fascista, miliciano, homofóbico, gado, e por aí vai. Se você for contra, é acusado de ser a favor da corrupção e todos os outros males causados pelos antigos políticos. A tão sonhada democracia e educação que todos pregam parece não existir quando somos confrontados com opiniões diferentes.
Logo em seguida tivemos o caso envolvendo a morte de um negro nos Estados Unidos por um policial. Então entrou a discussão do racismo. Justo, pois é inacreditável como em pleno 2020 ainda estamos debatendo assuntos como estes, que deveriam estar enterrados. Mas, qualquer frase ou palavra mal interpretada, é motivo para novamente sermos taxados.
Um exemplo simples nesta semana foi ver o post de uma pessoa no Instagram que dizia ser inadmissível as empresas não se posicionarem em meio a este assunto do racismo, sem manifestar seu apoio à população negra. E mais, esta pessoa ainda orientava as demais a pararem de seguir e comprar de empresas que não estavam expondo sua “indignação” ao que estava acontecendo nos Estados Unidos. Na visão desta pessoa, ninguém pode se omitir diante de um caso como este. Então, o direito à liberdade de expressão significa que temos que nos manifestar em relação a tudo? Não podemos escolher, em determinadas situações, ficarmos calados?
Também nesta semana, a Rede Globo foi duramente criticada após a divulgação de uma imagem em que uma bancada composta apenas por jornalistas brancos discutiam racismo na Globo News. Diante disso, a emissora decidiu reunir uma nova bancada, composta só por jornalistas negros para falar do assunto e ouvir suas opiniões, sentimentos e problemas enfrentados no dia a dia por causa da cor da sua pele. Mas novamente foi acometida por críticas e xingamentos, sendo taxada de hipócrita e querendo “ganhar pontos” com os negros.
Realmente estamos vivendo um momento muito delicado da história humana, onde não bastasse toda dor e sofrimento causado por doenças, guerras e desastres naturais, ainda temos que conviver com o ódio e falta de empatia entre as pessoas. Se você fala, você é criticado. Se você se omite, também é acusado de não posicionar-se e com isso está sendo condizente com o que acontece. Ou seja, nem ficando calados escapamos do julgamento alheio.