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Editorial

Retomada das aulas ainda gera insegurança

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O anúncio sobre a retomada das aulas no Estado, feito pelo governador Eduardo Leite nesta quarta-feira, 27 de maio, levantou algumas discussões e opiniões contrárias ao calendário estipulado pelo governo, que prevê, inicialmente, o retorno presencial a partir de julho, de forma escalonada. Conforme o calendário, nesta segunda-feira, 1º de junho, será iniciado o ensino remoto para todos os níveis das redes públicas e privadas, por meio de uma plataforma do Google.

A segunda etapa, em 15 de junho, prevê a retomada das aulas essenciais para as conclusões de cursos no Ensino Superior, pós-graduações e técnicos. A terceira etapa, em 1° de julho, será avaliada conforme o cenário da doença, mas estima a volta das aulas presenciais para a Educação Infantil, primeiros anos do Fundamental e o terceiro do Ensino Médio. De acordo com o governo do Estado, a prioridade para a Educação Infantil e final do Ensino Médio se justifica porque as crianças são as que mais têm necessidade de atendimento presencial dos professores para sua aprendizagem, enquanto os alunos que estão prestes a concluir a educação básica e, possivelmente, ingressar no Ensino Superior, precisam de reforço no ensino e também são capazes de cumprir melhor as regras definidas para sua segurança.

No entanto, uma possível retomada das aulas presenciais em julho, no pico do inverno, causou preocupação para algumas entidades ligadas à educação, como era de se esperar, principalmente em razão das crianças do Ensino Infantil. É praticamente impossível fazer com que crianças de 0 a 3 anos consigam manter uma distância segura uma das outras, como recomenta o protocolo de segurança. Além disso, conforme já apontou diversos estudos, as crianças pertencem ao grupo de baixo risco da Covid-19, porém, podem ser grandes transmissores do vírus por não apresentarem sintomas ou apenas sintomas leves.

Mesmo que as aulas retomem em julho, fica a pergunta: todos os pais mandarão seus filhos para a escola? Em conversa informal com alguns pais de Capivari do Sul, escutamos que 80% não tem coragem de mandar o filho de volta às aulas este ano, principalmente no pico do inverno. Como será a avaliação deste ano letivo então? Como Estado e municípios irão conduzir as avaliações e pareceres finais? Estarão eles seguros para autorizar a volta às aulas? São muitas dúvidas e nenhuma resposta conclusiva.

Sejamos mais solidários para que possamos entender que assim como meu filho tem acesso a um computador/celular/tablet com internet, há crianças que não têm. Perder um ano letivo ou concluí-lo com deficiência não é bom, tanto para quem está iniciando a alfabetização quanto para quem está se preparando para fazer vestibular e entrar na faculdade. O coronavírus trouxe vários agravantes que impactaram diretamente na nossa saúde, economia, educação e diversos outros setores da sociedade. Pegou a todos de surpresa, mudou rotinas, fez vítimas e tem trazido grandes problemas para milhões de pessoas em todo mundo. No entanto, um ano letivo se recupera, mas algumas vidas não.

O Rio Grande do Sul tem mostrado um bom resultado nas últimas semanas, com um quadro de contaminação estável, sem grandes picos de elevação. Precisamos retomar nossas atividades, mas sempre com precaução e pensando no bem coletivo.



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