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Colunista: Luis Felipe

Paladar cultural

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Aos doze anos, aproximadamente, iniciei a minha trajetória como leitor. Frequentador assíduo da biblioteca da escola, ficava feliz por acrescentar ao meu currículo títulos de Agatha Christie, Sidney Sheldon, Fernando Sabino, além de livros da série infanto-juvenil Vaga-lume, que reunia a melhor coleção de textos para jovens da minha idade. Naquela altura da minha vida – com poucos amigos e adepto de uma única atividade esportiva, o futebol – sentia-me realizado com aquela recreação, que, mal sabia eu, formaria meu intelecto e moldaria meu perfil profissional.

Sem dúvidas essas leituras foram importantes. Elas não apenas melhoraram o meu repertório de conhecimento e de palavras, mas também alavancaram minha criatividade e despertaram o meu espírito crítico. Essas leituras juvenis foram a base de toda a literatura que eu apreciaria mais tarde, já na idade adulta.

Hoje, com todo orgulho possível, posso dizer que aprecio Machado de Assis, Gabriel García Márquez, Mario Vargas Llosa, Eça de Queiroz, Gustave Flaubert. Posso afirmar, com todo orgulho, que devo muito a essas leituras do passado.

Portanto, sem falsa modéstia, afirmo que amadureci como leitor. Saí de um lugar “fácil” para me tornar um leitor experimentado.

Mas isso pode acontecer com outros gostos? Tenho certeza que sim.

No meu entendimento, música, literatura, cinema, artes plásticas e outras manifestações artísticas devem passar por um processo de maturação do gosto. Ou seja, o espectador precisa abandonar a condição de mero observador e se tornar participante da obra como um todo. Só assim, a arte pode se manifestar sua função catártica plena e apaixonar de vez.

O que quero dizer, resumindo ainda mais, é que precisamos abrir espaço para novidades em nossas vidas. Que tal variar um pouco aquela música sertaneja e colocar no carro uma playlist de Chico Buarque? E se de repente você deixar de lado, por uma semana que seja, os filmes da DC e Marvel e pesquisar algum clássico do Fellini? E o que acha de trocar a leitura costumeira de um Diário Gaúcho por um romance de época.

Não custa tentar. Conforme Nietzsche: “O que não me mata, me fortalece”. Garanto, caso você siga o meu conselho, poderá se surpreender.

Dica de filme: Sociedade dos poetas mortos (1989).

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