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Colunista: Luis Felipe

A vez dos chorões

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Acabo de ler em uma manchete de jornal “Cantor Ralf tem crise de choro no velório do irmão Chrystian e lamenta: a gente não se via há quatro anos”. Isso aconteceu, segundo o próprio cantor, por um conflito de agendas.

Fato curioso, não acha?

Não é sobre a morte que estou falando, pois essa é sempre lamentável. Refiro-me aos quatro anos sem um único encontro. Se estivéssemos falando de pessoas pobres, separadas pelos limites quilométricos do nosso país, até passava. Mas tratam-se de dois artistas famosos e milionários. Conversa fiada, faltou vontade, talvez de ambas as partes.

Novamente, é preciso respeitar a dor alheia, por isso, não condeno as lágrimas de Ralf. Aliás, uso-as como instrumento textual.

Estaria ele chorando de arrependimento por estar tanto tempo afastado do irmão? Ou lamentando a mágoa guardada por todos esses anos? Ainda, chorou por tudo isso e pela saudade? Nunca saberemos.

Esse fato me levou a pensar sobre as inevitáveis lágrimas.

Os cientistas parecem concordar em um ponto, não devemos suprimir, em hipótese alguma, as lágrimas emocionais (sejam elas de tristeza ou de alegria). Elas liberam tensões internas, auxiliando no alívio do estresse e diminuindo dores físicas.

A ciência também é unânime em afirmar que mulheres choram em maior quantidade e qualidade. Por conta disso, mulheres são mais sensíveis, delicadas e intuitivas.

Derramar lágrimas, ao contrário do que muitos pais equivocadamente dizem para os seus filhos, não é sinal de fraqueza e pode significar inteligência emocional.

Os meninos, em especial, são tolhidos ao manifestar sentimentos, como se isso provasse masculinidade. Uma armadilha perigosa, criada pelo machismo da sociedade, que transforma crianças em adultos reprimidos, agressivos e medrosos. Afinal, todo guri já escutou “homem não chora” quando criança.

Pessoas cientes da inevitável condição humana (sempre refém de sentimentos) choram. E isso definitivamente deve ser normalizado.

É comum chorar depois de tomar um pé na bunda, é aceitável chorar pelo rebaixamento do seu time, é perfeitamente comum chorar na despedida da rodoviária. Por fim, é natural chorar após um filme emocionante.

Inaceitável deve ser segurar o choro. Ou pior, não reconhecer o próprio estado emocional e deixar de aceitá-lo.

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