Em busca de uma cultivar de arroz de ciclo precoce, que utiliza menos água e porte mais baixo, ao permitir maior resistência ao acamamento, pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa desenvolveram a cultivar de arroz irrigado BRS A705 com elevada produtividade e qualidade de grãos. O lançamento do novo produto ligado ao mercado de grãos ocorreu sexta-feira, 18 de fevereiro, durante a 32ª Abertura Oficial da Colheita de Arroz e Grãos de Terras Baixas, na Estação Experimental Terras Baixas, localizada no município de Capão do Leão.
A utilização de cultivares de ciclos diferentes possibilita que o orizicultor realize a semeadura dentro da janela mais indicada, a qual é bem restrita nas áreas de cultivo de arroz. A prática também ajuda a escalonar a colheita de forma que os grãos sejam colhidos dentro da faixa indicada para maximizar a qualidade industrial, com baixos percentuais de grãos gessados e elevada quantidade de grãos inteiros.
Por outro lado, mesmo sendo desejável do ponto de vista técnico, a utilização de cultivares de ciclo precoce somente é implementada pelos orizicultores se as cultivares disponíveis apresentarem elevado potencial produtivo. “Poderá haver alguma redução de produtividade, devido ao ciclo menor, mas que será compensada pela redução dos custos de irrigação, na comparação com cultivares de ciclo mais longo, as quais tendem a ser mais produtivas na comparação com as de ciclo mais curto”, esclarece o pesquisador do Núcleo Temático de Grãos da Embrapa Clima Temperado Élbio Treicha Cardoso.
“A cultivar BRS A705, em função do seu ciclo, permite maior plasticidade na época de colheita, colaborando para a diversificação das cultivares utilizadas”, comenta. Conforme o pesquisador, a época de semeadura ideal deve ser aquela em que a diferenciação da panícula ocorre nos primeiros dias de janeiro, porque nesse período os dias apresentam maior duração, o que colabora para a obtenção de altas produtividades. “A densidade de semeadura deve possibilitar o estabelecimento de um estande de 200 a 300 plantas por metro quadrado, sendo necessários cerca de 90 kg de sementes aptas por hectare”, informa.
Outro ponto que chama atenção na BRS A705 é a menor demanda de quantidade de água para a sua produção, em função do ciclo precoce. “Em média, há uma redução em torno de 8% na demanda de água, tendo como referência uma cultivar de 130 dias de ciclo, da emergência à maturação. Essa economia de água, com elevada produtividade, colabora para a redução de custos, pois, além de menos água utilizada haverá menor demanda de energia para a irrigação, o que ocasiona melhor exploração dos recursos hídricos e energéticos disponíveis”, destaca o cientista da Embrapa.