Todos os humanos nascem com a necessidade de ser consolados, mas também com a capacidade notável de consolar. Por exemplo, imagine um menininho que está brincando e que de repente cai e machuca o joelho. É bem provável que ele corra chorando para sua mãe ou seu pai. Os pais não podem fazer o machucado sumir, mas podem consolar seu filho. Eles talvez perguntem o que aconteceu e enxuguem as lágrimas dele. Dando um abraço carinhoso, eles talvez digam: “Não chore. Já vai passar.” Pode ser que coloquem um remédio ou um curativo no joelho. Pouco depois, o menininho para de chorar e até volta a brincar. Com o tempo, o machucado some.

Infelizmente, existem feridas bem piores do que um machucado no joelho. Algumas crianças sofrem abuso sexual. O abuso pode acontecer uma única vez ou várias vezes por muitos anos. Nas duas situações, o abuso deixa cicatrizes emocionais bem profundas. Há casos em que o molestador é descoberto e punido. E há casos em que ele aparentemente escapa. Mas, mesmo que a justiça seja feita rapidamente, uma criança pode continuar a sentir na vida adulta os danos causados pelo sofrimento que passou.
Nesta semana, o caso da menina de 09 anos, ocorrido em Tramandaí, comoveu e mobilizou as forças de segurança e a sociedade. Pessoas de outros municípios da região, inclusive, se deslocaram para Tramandaí para ajudar nas buscas da criança que estava desaparecida.
Apesar de toda crueldade do caso, ainda tivemos um final feliz. Em parte, pelo menos, já que a menina foi encontrada com vida, o mais importante, mas foi molestada pelo abusador. Agora é hora de consolar a criança e os familiares.
É raro o pedófilo que usa a força física para molestar sexualmente uma criança. Em geral preferem primeiro granjear a amizade dela. Eles são cautelosos como as serpentes. São as cobras criaturas cautelosas? Acham-se entre as mais cautelosas de todas. Com efeito, um volume recente, a Animal Life Encyclopedia (Enciclopédia da Vida Animal), de Grzimek, declara: “Não existe cobra que ataque o homem. Qualquer cobra fugirá dele, se tiver tempo; apenas quando alguém se aproxima tão perto dela, a ponto de a cobra sentir-se ameaçada”. No caso dos abusadores, é a mesma coisa. Eles não saem por aí atacando as vítimas. Esperam a oportunidade surgir, ganhando a confiança e, quando a vítima chega perto dele, ataca. Em Tramandaí, um picolé foi o suficiente para atrair a criança.
Crianças ainda não têm a capacidade de analisar situações, de tomar decisões ou de reconhecer um perigo e fugir dele. Isso nos faz, como pais, ficar atentos a todas as situações do nosso dia a dia. Casos simples, como brincar em uma praça perto de casa com os amigos, podem se tornar uma angústia sem fim.
Como forma de prevenção, podemos ensinar a nossos filhos os limites claros sobre interações com estranhos e, principalmente, pessoas conhecidas e próximas a família. Por exemplo, ensine seu filho a nunca aceitar doces, caronas ou convites de desconhecidos, mesmo que pareçam amigáveis. Reforce que é importante seguir essas regras para manter-se seguro.
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