Sou bastante impulsivo. Uma característica que odeio em mim e que a idade está me ajudando a domar. Mas às vezes me pego tomando atitudes precipitadas – que por sorte conduzem a bons caminhos.
Decidi que chegara à altura da vida em que deveria conhecer o Rio de Janeiro. Munido de pressa, vi com o agente de viagens a passagem e o hotel, aluguei um carro e disse à minha mulher que partiríamos dentro de um mês.
Voltando à impulsividade, bastou um dia cheio pós-decisão para que me arrependesse. Primeiro veio o clássico medo de avião (assunto para outra crônica); depois foi o calor (desculpa logo refutada, pois os centros meteorológicos prometiam quarenta graus em Porto Alegre); em seguida pensei na violência da cidade; depois nos gastos; por fim – e o argumento mais pesado – imaginei trocar por dias em Floripa. Aproveitaria mais, gastando menos. Só que as passagens já estavam compradas. O negócio era arrumar as malas.
Antes de qualquer viagem é normal assistir vídeos na internet e escutar pessoas que já estiveram no lugar. Sobre o Rio, para a minha surpresa, as opiniões eram extremas. Havia quem dissesse que não repetiria o passeio e havia quem quisesse morar lá. Acho ambas opiniões bastante curiosas: elas dizem mais das pessoas que dos lugares, o que reforça a necessidade de se “ver com os próprios olhos”.
Chegamos ao Rio numa ensolarada e linda manhã. Bastou o passeio de carro do aeroporto até o hotel em Copacabana para que eu percebesse que não à toa apelidaram aquela cidade de “maravilhosa’’.
Nos dias seguintes conhecemos a praia de Copacabana, o Corcovado, o Museu do Amanhã, a Confeitaria Colombo, Petrópolis e o lugar mais encantador que já vi, o Pão de Açúcar. Além de bares e outros lugares históricos.
Saíamos de manhã e voltávamos à noite para o hotel, exaustos e fascinados com tudo que víamos. Passou rápido, como todos os momentos eternos. Ainda lamentamos não conhecer a Lapa ou dar um pulo em Arraial do Cabo. O consolo é saber que devemos voltar para completar o passeio.
Voltei do Rio com a melhor impressão possível. Pensei em Chico Buarque, Tom Jobim, Vinicius de Moraes e tantos outros que usaram da cidade como inspiração para criar suas músicas. Também pudera, não é apenas um lugar bonito e inspirador. Os turistas que vêm de toda a parte do mundo visitar a cidade estão atrás de outras opções de vida. E nada como o Rio de Janeiro para oferecer isso.