Nunca chegue atrasado

Num pequeno município do interior, um Padre atendia numa Paróquia há 25 anos. Conhecia todos os paroquianos: as famílias, as casas, os costumes, as atividades de cada um. Familiarizado, era considerado um amigo.

Um dia, sem que ninguém esperasse, foi transferido da localidade pelo Bispo da Diocese. Devido as suas boas relações com os paroquianos, estes, entristecidos, organizaram uma homenagem de despedida no Salão Paroquial. O Padre, também chateado, em seu discurso diante da atenta plateia, relatou acontecimentos significativos, transcorridos ao longo do tempo e que vieram a sua lembrança, naquele momento.

Entre um e outro fato, disse que lembrava da primeira confissão realizada, quando chegou na comunidade e que o deixou muitíssimo apreensivo. Contou que um jovem senhor, o qual era o primeiro da fila, confessou que havia traficado drogas, roubado da caixinha de coletas da Igreja, estuprado uma moça da localidade, traia sua mulher, tinha passado doença venérea a ela e mentido para seus pais.
Passado algum tempo, para sua alegria, percebeu que aquela confissão era um caso isolado, pois a população daquela comunidade era honesta, trabalhadora, cumpridora de suas obrigações e respeitadora das normas familiares, religiosas e sociais.

Na verdade, disse: – Foram os melhores 25 anos de minha vida, conviver com a população dessa Paróquia.

Neste momento, entrou o Prefeito no Salão, muito apressado, quase correndo, com o presente dos paroquianos para entregar ao Padre. Entregando o presente, como não poderia deixar de ser, sendo ele político, fez um discurso, dizendo:

– Prezado amigo Padre,…Crianças, Jovens, Senhoras e Senhores. Foi uma imensa satisfação ter convivido com esse Padre, nessa localidade, ao longo de 25 anos. Lembro-me como se fosse hoje, do dia em que ele chegou aqui. Tive a honra de ser o primeiro a me confessar.

Os paroquianos, surpresos e constrangidos entreolharam-se, enquanto o Padre dirigia seu olhar para os céus.