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Capivari do Sul

Participantes de workshop internacional visitam empresa que produz arroz de forma sustentável

Pesquisadores, produtores e membros de governo do Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Uruguai e Brasil foram recebidos na FAD Sementes, em Capivari do Sul

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Visitantes foram recepcionados na entrada da FAD Sementes. Foto: Eduardo Patron/Seapi

Na manhã de quarta-feira, de 3 de abril, pesquisadores, produtores e membros de governo do Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Uruguai e Brasil foram recebidos na FAD Sementes, em Capivari do Sul, para conhecer o trabalho da empresa, que produz um arroz sustentável, com menos emissão de gases de efeito estufa.

Foi o segundo dia do workshop para promover a produção sustentável de arroz na América Latina e no Caribe, promovido pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), vinculado à Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), e pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). O evento fez parte do projeto Global Methane Hub e se encerrou na quinta-feira (5/4).

A coordenadora do workshop, engenheira agrônoma do Irga, Mara Grohs, explicou que a ideia da visita foi mostrar propriedades que são consideradas acima da média. “Exemplo de como a gente gostaria que fosse a maior parte das propriedades rurais do Rio Grande do Sul, com manejos utilizados que visam à sustentabilidade ambiental, com diversificação de culturas, sequestro de carbono, que é uma das coisas que mais influencia no balanço dos gases de efeito estufa”, destacou.

“Estamos aqui reunidos para discutir como podemos mitigar esses gases em lavouras de arroz. Para mostrar aos outros países como são esses manejos, já identificados por meio de pesquisas do Irga. Um deles é a rotação com a soja. Nossos estudos identificaram que há uma redução de 60% na emissão desses gases quando há rotação de um ano de arroz e um ano de soja”, esclareceu Mara. “No campo, conhecemos os manejos de soja e arroz e discutimos as particularidades do nosso sistema de produção. Pelo que vimos até aqui, os sistemas de produção dos outros países são diversos dos realizados no Brasil. O mais similar ao nosso é o do Uruguai, em relação ao manejo da cultura do arroz, de como reduzir as emissões de gases de efeito estufa, enfim, manejo de sustentabilidade”.

Segundo Mara, na FAD Sementes havia uma resteva de milho em que há quatro anos o solo não é perturbado. “Isso ajuda a sequestrar carbono também. Se colocarem uma planta de cobertura, melhor ainda. Vamos ter mais adição de palha, que vai sequestrar mais carbono no solo (que é o nosso maior reservatório de carbono) do que a lavoura vai emitir. No final, a gente busca que o balanço dessa equação seja ou zero (entre o que emite e o que sequestra), ou negativo (quando tem mais carbono no solo do que indo para a atmosfera). O plantio direto é o manejo que mais sequestra carbono, independente se é lavoura de soja, de milho, de arroz. E é uma das bases do Plano ABC+RS”, esclareceu.

O engenheiro florestal da Seapi e coordenador do Plano ABC+RS, Jackson Brilhante, destacou que na propriedade existe o Sistema de Plantio Direto e a Integração Lavoura-Pecuária, que são tecnologias do Plano ABC+RS. “Foi o momento de a gente mostrar e compartilhar o que o estado do Rio Grande do Sul vem adotando, por muitos produtores, em relação às tecnologias do Plano, que têm sido referência e exemplo até para outros países”, pontuou.

“Por isso que estivemos aqui com representantes desses países, para que eles conhececem um pouco as boas práticas desenvolvidas no nosso Estado. Para que eles possam levar as informações para seus países e aprimorar os manejos das lavouras de arroz de lá. Foi um momento de troca de experiências, buscando a redução da emissão de gases de efeito estufa”, disse Brilhante.

A FAD

Um dos proprietários da FAD Sementes, João Vitor Dutra, apresentou a empresa aos participantes. “Estamos abrindo as nossas porteiras para mostrar para vocês o que a gente vem priorizando na agricultura e na comercialização de sementes de arroz. É um orgulho sermos referência para o Irga e para produtores sementeiros. E é muito importante trocar experiências, porque evoluímos trocando ideias”, afirmou.

Ele contou que a empresa é familiar, sendo ele e os primos Virgínia e Jerônimo da quarta geração. Os gerentes são os pais dos três, os irmãos Cândido e Walter, respectivamente. “Eles sucederam meu avô, Flávio Dutra, quando teve origem a FAD Sementes. FAD é a sigla de Flávio Antônio Dutra. Mas o início da história da empresa é mais antiga. Meu bisavô, João Marques de Moraes, era produtor, a minha vó herdou a parte dela e, junto com meu avô, vieram para Capivari do Sul na década de 1960, onde iniciaram a FAD. Como FAD mesmo somos a terceira geração. Mas no agro FAD, desde o princípio da nossa história, na década de 1930, somos a quarta”.

Segundo Dutra, o foco da empresa é produzir sementes de arroz com alta qualidade. São seis variedades: Irga 424 RI, BRS Pampa CL, BRS Pampeira, Membyporá Inta CL, OS 901 CL, OS 902 CL. “Trabalhamos com rotação de culturas e integração lavoura-pecuária, mas sempre prezando o sistema plantio direto. Trabalhamos com diversas culturas como arroz (o carro-chefe da empresa), soja, milho, além da pecuária. Não existe mais monocultura e sim um conjunto amplo de atividades que ocupam todos os meses do ano”, destacou. “A gente investe muito em tecnologia e inovação, aumento de produtividade e qualidade”.

Dutra contou que são duas propriedades, a da localidade de Barrocadas, em Santo Antônio da Patrulha, e a de Capivari do Sul, distantes cerca de 40 quilômetros uma da outra. Ele destacou que hoje o maior patrimônio é o investimento no cuidado com o solo. “O que fazemos aqui vem expressando em renda, qualidade e valorização”.

A propriedade de Capivari tem mil hectares e a de Barrocadas 2.500 hectares. Nas duas, são dois mil hectares de soja, 800 hectares de arroz, 200 hectares de milho, e 400 hectares para a pecuária. Em Capivari são 350 hectares de arroz e 600 hectares de soja. “A FAD produziu em média, na última safra, 10.500 quilos de arroz por hectare nas duas propriedades”, disse Dutra.

Os visitantes conheceram a Unidade de Beneficiamento de Sementes (UBS), onde estavam recebendo arroz comercial, o da empresa e de terceiros, e sementes de arroz, além de soja. “Recebendo, secando, armazenando e aerando esses grãos. E junto já beneficiando a nossa semente. Já temos cerca de 20% das nossas sementes beneficiadas, que serão comercializadas a partir de agosto”, disse Dutra.

“Aqui temos uma unidade somente para sementes e outra para comércio. A parte das sementes não se mistura com a parte comercial. O arroz chega da lavoura, passa na balança, em uma peneira de pré-limpeza e cai numa caixa, onde é aerado. Depois é secado e vai para descanso. Após, ou ele vai ser beneficiado, ou armazenado no silo, quando não tem a qualidade necessária para virar semente”, elucidou o proprietário. “Depois do beneficiamento, ela está apta para ser comercializada”.

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