Palmares do Sul confirmou nesta semana o seu primeiro caso de dengue em 2024. Trata-se de um menino de 12 anos de idade morador da Granja Vargas. O caso foi confirmado como autóctone, ou seja, contraído no município. Conforme a Secretaria de Saúde, os sintomas no paciente iniciaram em 17 de fevereiro.
“Há um teste rápido para a dengue, o qual acabou dando negativo no primeiro momento. Os sintomas persistiram, e então o médico pediu a coleta do sangue para o exame laboratorial na segunda-feira, dia 26. Nesta quarta, 28, foi confirmado. Mas ele já está em processo final de recuperação e está bem”, disse a Agente de Vetores e Zoonoses de Palmares, Vania Moraes, que lembrou as características ideais para a reprodução do mosquito. “É preciso estar atento principalmente em objetos que possuem bordas, como vasos de flores, tampinhas de garrafas, pequenos recipientes. São nesses locais que os ovos são depositados. Nosso trabalho de fiscalização e orientação segue fazendo uma varredura em todo o município e pedimos o apoio da comunidade para que também faça sua parte”, comentou Vania.
Segundo o Painel da Dengue da Secretaria Estadual de Saúde, o município possui oito notificações neste ano, sendo um confirmado, três em investigação e quatro descartados.
Em Capivari do Sul, houve apenas uma notificação até o momento, que foi investigada e descartada. Capivari e Palmares estão entre os 466 municípios do Estado que possuem infestação do mosquito.
Para conter a propagação da dengue no Estado, a primeira reunião do Comitê de Operações Estratégicas (COE) definiu nesta quinta-feira (29) uma série de ações que serão desenvolvidas contra o mosquito Aedes aegypti, o transmissor da doença.
Estão entre as medidas encaminhadas durante o encontro, coordenado pela secretária da Saúde, Arita Bergmann, a realização de campanhas contra a dengue nas escolas, intensificar, inclusive nos prédios públicos, a busca pelos focos de reprodução do inseto, reforço no tratamento oferecido pela Atenção Primária nos municípios para a rápida identificação de sintomas e qualificação na oferta de tratamento à população, como a hidratação oral. A reunião para reverter o atual momento da dengue no Estado contou com a participação presencial ou online de 110 gestores e representantes de entidades ligadas à saúde e Governo do Estado, além do Exército e Ministério Público.
“Os nossos profissionais da área da saúde estão imbuídos de participar, de colaborar, em busca de objetivos concretos no combate à dengue”, disse Arita Bergmann. “Sempre em parceria com a vigilância em saúde e a reestruturação da nossa rede assistencial para que possamos também diminuir não só os casos de dengue, mas especialmente os casos em que há necessidade de internação, com vítimas indo a óbito”.
Casos superam 2023
O Rio Grande do Sul registra a terceira maior letalidade do país pela dengue em 2024, com oito óbitos confirmados. O Estado também registra um aumento de 1.100% no número de casos confirmados nas últimas quatro semanas em comparação com o mesmo período em 2023. No total, são 9.608 casos confirmados em 466 dos 497 municípios gaúchos.
“Nas sete primeiras semanas do ano, tivemos uma alta incidência de dengue no Estado comparado a 2022 e 2023”, explicou a diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Tani Ranieri, aos participantes. “Hoje temos em circulação no Brasil quatro tipos de sorotipos (variações do vírus transmitido pelo Aedes aegypti). Isso nunca aconteceu”.
Quanto mais sorotipos em circulação, mais preocupante a situação da epidemia, de acordo com a diretora. No Estado, são dois sorotipos em circulação, situação menos grave do que no resto do país, permitindo uma ação mais efetiva contra a dengue, mas que exige maiores cuidados no atendimento aos pacientes de dengue.
A secretária Arita afirmou ainda que “as pessoas têm procurado tardiamente os serviços de saúde, por isso temos que fortalecer a área assistencial, em especial a atenção primária, disponibilizando reidratação oral, valorizando os sintomas e horários de atendimento alternativos”.