Editorial

A corrupção anda por todos os lados nesta pandemia

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Na terça-feira, 20, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público Estadual, cumpriu 26 mandados de busca e apreensão nas secretarias municipais de Balneário Pinhal, Cidreira, Imbé e Tramandaí, por possíveis casos de preços abusivos, pagamento de propinas e outras infrações cometidas na compra de materiais referente ao combate e prevenção à covid-19.

Há algumas semanas, uma emissora de televisão divulgou a investigação de uma empresa que também forneceu a sete prefeituras do Estado testes covid sem autorização da Anvisa. A empresa não era habilitada para esse tipo de comércio e firmou cerca de 13 contratos com os municípios. Capivari do Sul foi uma dessas cidades que, em 2020, adquiriu testes somando um valor aproximado de R$ 20 mil. Neste caso, não constatou-se superfaturamento, mas falha administrativa pela falta de checagem aos dados cadastrais da empresa antes de realizar a contratação.

Estes são apenas dois exemplos próximos, mas que vem ocorrendo com muita frequência em cidades do Brasil todo, desde que iniciou a pandemia. Estados e municípios receberam milhões do governo federal para auxiliar no combate e prevenção ao coronavírus e em muitos foram apurados casos de corrupção e desvio de dinheiro público. No entanto, uma CPI instalada pela Câmara dos Deputados está há mais de dois meses investigando supostas irregularidades, mas até agora só apontou erros em direção ao presidente da república e seus ministros.

Na última semana, a Polícia Federal realizou mais de 100 operações de repressão ao desvio e à utilização indevida de verbas públicas federais. O montante de contratos de produtos e serviços investigados atinge cerca de R$ 3,2 bilhões, onde o Pará lidera com R$ 1,4 bi. Em seguida, Rio de Janeiro (R$ 850 milhões), Pernambuco (R$ 198 milhões), São Paulo (R$ 118 milhões), Minas Gerais (R$ 102 milhões), Rondônia (R$ 92 milhões) e Piauí (R$ 82 milhões).

Mas isso a grande imprensa não mostra, pois a culpa é toda do presidente que repassou o dinheiro aos Estados. Por exemplo, em momento algum foi questionado se a crise ocorrida em Manaus pela falta de oxigênio poderia, de alguma forma, ter sido ocasionada por má gestão do governo local dos recursos repassados. Assim como um hospital de campanha montado no Rio de Janeiro e sequer chegou a ser usado.

Não estamos defendendo o presidente, mas o “rombo” ocasionado pela pandemia está muito além do Palácio do Planalto. A corrupção na pandemia vem ocorrendo desde baixo, desde a população, como foi constatado quando milhares de pessoas que não se encaixavam nas regras do auxílio emergencial deram um jeitinho para se inscrever e receber o pagamento. Vimos prefeitos fechando os comércios sem razão cientificamente comprovada, o que causou uma grave crise econômica às classes mais baixas, e governadores quitando dívidas de estados.

Mas a culpa de tudo é do presidente.

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