
Na sexta-feira, dia 17, o Jornal Integração publicou em seu site (integracaonoticias.com.br) o caso de violência ocorrido na Escola Estadual Manoel Luiz, em Palmares do Sul, cometido pela mãe de um aluno. Insatisfeita com o parecer recebido pelo filho, que irá repetir o ano, a mãe foi até a escola e ameaçou professoras e funcionárias, além de provocar danos materiais na estrutura da sala da diretora.
Rapidamente, o caso gerou grande repercussão nas redes sociais, com manifestações de repúdio contra o comportamento apresentado pela mãe do aluno. O episódio chocou a comunidade do município, pois não é típico aconteceram casos de violência nas escolas locais, principalmente partindo de uma mãe.
No entanto, este é um cenário corriqueiro em muitas escolas públicas do Brasil. De acordo com dados de uma pesquisa feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre violência em escolas com mais de 100 mil professores, o Brasil lidera o ranking de agressões contra docentes. Dentre os professores ouvidos, 12,5% afirmaram ser vítimas de agressões verbais ou intimidações de alunos.
A violência no ambiente escolar ocorre de diversas formas, seja pelo bullying ou por manifestações mais extremas, até com mortes, como ocorrido em Suzano (SP). A violência contra professores é mais uma forma de violência que, infelizmente, parece normalizada pela falta de debate ou de propostas práticas para lidar com o problema. Quando nos deparamos com qualquer tipo de manifestação de violência na escola, surge a pergunta: mas, afinal, de quem é a culpa? Da família ou da escola?
O que esperar de um aluno que tem como exemplo pais que não sabem dialogar e preferem resolver tudo com briga e confusão? Uma criança ou adolescente bem orientado pelos pais, que tem na sua família o apoio e o diálogo necessário para lidar com as questões do dia a dia, principalmente escolares, também se tornará agressivo?
É complexo responder a perguntas como essas justamente por não haver uma única resposta. A educação de um indivíduo se dá principalmente de três formas: pela família, responsável pela socialização primária, pela escola, local onde a criança passa a conhecer a vida coletiva, e pela sociedade, com suas múltiplas influências culturais e sociais.
Portanto, não se trata de responsabilizar uma ou outra, mas sim de reconhecer os diferentes papeis de cada uma e atuar em parceria para que de forma intencional tenhamos como base o convívio social pacífico, o respeito, o olhar atento para manifestações preocupantes relacionadas à saúde mental, o aprendizado sobre como resolver os nossos conflitos e a capacidade de reconhecer as nossas emoções para que saibamos reagir a elas sem violência verbal ou física.
Além disso, o poder público pode oferecer propostas e subsídio financeiro para o desenvolvimento de projetos voltados à cultura de paz nas escolas e apoiar o diagnóstico sobre a cultura escolar em diferentes instituições para que, assim, medidas preventivas possam ser adotadas.
- Editorial Jornal Integração 24/01/2020